Violência doméstica na pandemia: mulheres criam coletivo para ajudar vítima

07/05/2021

No início da pandemia, em 2020, o aumento da violência doméstica com o isolamento social levou mulheres de diferentes regiões do país a se juntarem para ajudar de alguma maneira essas vítimas em um momento de crise sanitária e econômica. Surgia assim o Coletivo Brazilinas, formado por profissionais liberais de diversas áreas e influenciadoras digitais que já atuavam de alguma forma com voluntariado em questões sociais, que se organizaram para contribuir com mulheres em situação de vulnerabilidade social.

Começou com Daniele Costa, de São Paulo, que teve a ideia de reunir mulheres que queriam contribuir de alguma forma com as questões de equidade de gênero. Ela convidou algumas amigas que gostaram da proposta e elas também falaram com outras mulheres que resolveram somar forças e entrar para o grupo. “Num primeiro momento selecionamos entidades que atuavam no combate à violência contra a mulher e que precisavam de ajuda”, conta Daniele, que é coordenadora do Brazilinas.

Segundo a 14° edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançado em 2020, a violência de gênero nos primeiros seis meses de 2020 cresceu 1,5% em relação ao mesmo período de 2019 e o número de feminicídio aumentou 1,9% no mesmo período. Em relação à violência doméstica, os registros de lesão corporal aumentaram 5,2%. Dados de 2019 compilados no anuário mostram que a cada dois minutos ocorre uma agressão contra mulher.

O Brazilinas conseguiu colocou no ar duas campanhas de arrecadação de verba por meio da plataforma Solidário Brasil e conseguiu arrecadar mais de 10 mil reais para duas entidades que trabalham com vítimas de violência doméstica: a Casa Noeli e o programa Apolônias do Bem.

A Casa Noeli abriga mulheres vítimas de violência doméstica, em Ariquemes, Rondônia; e o programa Apolônias do Bem reúne dentistas voluntários de todo o Brasil que atendem mulheres que sofreram agressões físicas e tiveram rosto, bocas e dentes atingidos.

“Começamos com ação de arrecadação de dinheiro para cestas básicas e produtos de limpeza e no decorrer dos meses percebemos que a Casa Noeli poderia ser a primeira entidade a contar com nosso curso de capacitação, que era uma das propostas iniciais do Coletivo Brazilinas”, explica Daniele.

Na Casa Noeli também houve um aumento de vítimas de violência doméstica acolhidas em 2020. A maioria das mulheres abrigadas no local é formada por jovens de 19 a 25 anos, com ensino médio incompleto e com dois filhos. A maioria já trabalhava, mas muitas dependiam do companheiro para sobreviver.

“A partir do segundo semestre, partimos para uma ação de capacitação dessas mulheres. Quem sofre violência fica sem autoestima”, diz Daniele. As Brazilinas desenvolveram então um ciclo de palestras para empoderar essas mulheres. “Selecionamos temas como autoconhecimento, inteligência emocional, mentalidade empreendedora, utilização de redes sociais e ferramentas de marketing, eliminação de crenças de escassez e criação de consciência financeira, autoestima e imagem pessoal”, conta a coordenadora do coletivo. “O retorno é muito positivo, algo simples e prático.

Em caso de violência, denuncie!

Em caso de violência, denuncie! Sempre que presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie. Vale lembrar que casos de violência doméstica são aqueles em que o agressor mora na mesma casa da vítima e, na maior parte, são cometidos por parceiros ou ex-companheiros, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Além do 190, também é possível realizar denúncias de violência pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses a partir da data da agressão. Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.

Fonte: https://www.uol.com.br

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