Quem é Jessica Watkins, primeira astronauta negra em missão à ISS

26/11/2021

Integrante da Crew-4, a norte-americana foi estagiária da Nasa e irá ao espaço pela primeira vez em 2022; Watkins também integra a equipe da missão Artemis

Foto: NASA

Em abril de 2022, a Nasa irá lançar mais uma espaçonave em direção à Estação Espacial Internacional (ISS). Nela, estará a primeira astronauta negra a integrar uma missão de longa duração ao laboratório, com estadia de seis meses. A bordo da Crew-4, Jessica Watkins, de 33 anos, será responsável pelo cargo de especialista em missão, segundo comunicou a agência espacial dos Estados Unidos.

Junto a ela, estarão na Crew-4 os astronautas Kjell Lindgren e Robert Hines — ambos da Nasa e, respectivamente, comandante e piloto — e a especialista em missão Samantha Cristoforetti, da Agência Espacial Europeia (ESA).

Essa será a primeira viagem de Watkins ao espaço desde que foi selecionada como astronauta, em 2017. De lá para cá, ela passou por dois anos de capacitação abrangendo diversas áreas: ciência e tecnologia, sistemas da ISS, caminhadas espaciais, robótica, geologia, habilidades expedicionárias, treinamento fisiológico, atividades de sobrevivência na água e na selva e exercícios de voo no avião T-38.

A história dela na Nasa, porém, é um pouco mais antiga. Watkins iniciou sua carreira na agência como estagiária, enquanto cursava Ciências Geológicas e Ambientais na Universidade Stanford. Trabalhando no Centro de Pesquisa Ames, na Califórnia, apoiou a missão Phoenix Mars Lander e conduziu uma pesquisa no simulador do solo de Marte. “Foram essas experiências que realmente contribuíram para que eu me tornasse uma cientista e uma exploradora”, declarou Watkins em uma publicação no site da Nasa destinada a estudantes, em março de 2020.

 

A astronauta Jessica Watkins, em 2019, se preparando para uma caminhada espacial embaixo d’água

Foto: David DeHoyos/NASA

Após a graduação, fez doutorado em Geologia pela Universidade da Califórnia (UCLA). Na época, ela investigou os processos da superfície marciana — planeta que é a sua “paixão”, segundo declarou em vídeo da Nasa em dezembro do ano passado — e atuou como professora assistente em aulas relacionadas a ciências planetárias.

Enquanto estudante de pós-graduação, participou de programas do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, onde se envolveu com a análise de asteroides próximos à Terra descobertos pela missão Neowise. Também atuou no planejamento tático e estratégico para a missão Curiosity e nos testes para as missões Marte 2020 e Mars Sample Return.

Em 2009, Watkins foi geóloga chefe de uma missão no simulador Mars Desert Research Station (MDRS), uma instalação análoga ao espaço localizada no estado norte-americano de Utah.

Já em 2017, quando foi selecionada como astronauta (dentre mais de 18.300 inscritos para o programa), a cientista era pós-doutoranda na Divisão de Ciências Geológicas e Planetárias no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). Lá, ela colaborou com a Equipe de Ciências do rover Curiosity e também auxiliou no planejamento diário das atividades do veículo, no teste das propriedades físicas das rochas de Marte e na investigação da história geológica da cratera marciana Gale.

Quem é Jessica Watkins, primeira astronauta negra em missão à ISS

Foto: Bill Ingalls/NASA

Natural de Maryland e criada no Colorado, Watkins sonhava em ser astronauta desde pequena. “O voo espacial humano nos leva ao limite das nossas capacidades em todos os níveis. Ele força os limites de nossas capacidades tecnológicas, científicas, psicológicas e físicas. Por causa disso, é algo que une as pessoas de uma forma que muitas outras coisas não fazem”, explicou em uma publicação de 2018 da Universidade Stanford.

Agora, ela se torna a oitava pessoa negra e a primeira mulher afro-americana a ocupar a ISS por um longo tempo. Lançada em 1998, a estação já recebeu 249 profissionais, sendo apenas sete negros, de acordo com o New York Times.

Victor Glover, astronauta da Nasa desde 2013, consagrou-se como o primeiro homem negro a embarcar em uma missão de longa duração para a ISS. O feito aconteceu em 2020, com a Crew-1, que ficou no espaço por seis meses. Antes dele, seis outros profissionais visitaram o laboratório, mas com tarefas que não ultrapassaram duas semanas.

Por isso, Jessica Watkins quer servir como inspiração. “Espero que todas as jovens, especialmente meninas de cor, interessadas em STEM [sigla para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática] e em explorar o espaço se sintam empoderadas para tal”, afirmou em entrevista à rádio NPR.

E 2022 não será o último ano em que veremos Jessica Watkins no espaço: a astronauta está entre os 18 membros da missão Artemis, que levará humanos — e a primeira mulher — à Lua.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com

 

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