Mahsa Amini morreu em consequência de doença, diz Irã

11/10/2022

Autoridades iranianas negam que jovem de 22 anos presa por não usar o véu tenha morrido devido a golpes da polícia. Protestos em apoio a mulheres iranianas se espalharam pelo mundo.

Autoridades iranianas afirmaram nesta sexta-feira (07/10) que a morte de Mahsa Amininão foi provocada por “golpes”, mas por sequelas de uma doença. A jovem de 22 anos morreu três dias após ser presa pela polícia, suscitando uma onda de protestos por todo o país, que se espalhou também pelo mundo.

Detida em 13 de setembro pela polícia da moralidade em Teerã por ter infringido o estrito código de vestimenta, em particular o uso do véu, a jovem morreu três dias depois em um hospital.

Ativistas da oposição afirmaram que ela foi ferida na cabeça durante a detenção – as autoridades iranianas negam.

“A morte de Mahsa Amini não foi provocada por golpes infligidos na cabeça ou em órgãos vitais”, mas está relacionada com “uma intervenção cirúrgica de um tumor cerebral quanto tinha oito anos de idade”, indicou um relatório da organização médico-legal iraniana divulgado nesta sexta.

“Em 13 de setembro [Mahsa Amini] perdeu subitamente a consciência e desmaiou (…) Sofreu uma perturbação do ritmo cardíaco e uma queda de pressão”, acrescentou o relatório divulgado pela televisão estatal. “Apesar da sua transferência para o hospital e os esforços do pessoal médico, morreu em 16 de setembro na sequência de uma falência de múltiplos órgãos motivada por uma hipóxia cerebral”, segundo a mesma fonte.

O pai da jovem, Amjad Amini, afirma que a filha estava em “perfeita saúde”. A família apresentou uma queixa contra os policiais envolvidos, e um de seus primos, que mora no Iraque, disse à agência de notícias AFP que ela morreu de “um violento golpe na cabeça”.

Protestos em apoio às iranianas se espalharam pelo mundo, como esse em Frankfurt

Foto: Frank Rumpenhorst/dpa/picture alliance

Protestos em massa

Apesar da repressão do governo, os protestos liderados por mulheres contra a morte de Mahsa já seguem por 21 dias consecutivos. As manifestações são as maiores no Irã desde as ocorridas em 2019 contra o aumento do preço dos combustíveis. O governo vem reprimindo duramente os atos e pelo menos 154 pessoas morreram, segundo denunciou a ONG Human Rights Iran. Um balanço oficial contabiliza 60 mortos, incluindo 12 membros das forças de segurança.

A repressão das manifestações foi denunciada por vários países e instâncias internacionais e implicaram a imposição de sanções, em particular pelos Estados Unidos. O regime iraniano também efetuou centenas de detenções e impôs severas restrições no acesso às redes sociais. Teerã também acusou forças externas de inflamarem os protestos, em particular os Estados Unidos e Israel.

De acordo com mulheres iranianas, o governo de Teerã estaria tentando encobrir mortes. A mãe de Nika Shahkarami, de 16 anos, que morreu após desaparecer em 20 de setembro, disse na quinta-feira que ela foi morta pelo governo depois de participar de um protesto anti-hijab em Teerã. Nasrin Shahkarami também acusou as autoridades de ameaçá-la a fazer uma confissão forçada.

“Eu mesmo vi o corpo da minha filha. A parte de trás de sua cabeça mostrava que ela havia sofrido um golpe muito forte. Foi assim que ela foi morta”, disse em um vídeo postado pela Rádio Farda.

A Justiça do Irã também vem negando que as forças de segurança mataram outra adolescente, Sarina Esmailzadeh, em um comício em Karaj, a oeste de Teerã.

Um promotor afirmou que uma investigação mostrou que Esmailzadeh, também de 16 anos, “cometeu suicídio” pulando de um prédio.

Em uma repressão cada vez maior, o Irã bloqueou o acesso às mídias sociais, incluindo Instagram e WhatsApp, e lançou uma campanha de prisões em massa.

le (AFP, Lusa)

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