5 mulheres negras latino-americanas que fizeram história

05/08/2022

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha comemorado em 25 de julho, descubra o que cinco mulheres negras latino-americanas fizeram para combater a discriminação e a desigualdade.

Você conhece mulheres negras latino-americanas que se destacaram, na história, em seu ativismo contra o racismo, o machismo e a desigualdade social? Algumas brasileiras vêm à mente quando fazemos essa pergunta, como a líder quilombola Dandara dos Palmares  ou filósofas contemporâneas como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e Djamila Ribeiro.

Mas elas não estão sozinhas: existem muitas outras histórias a serem descobertas entre as latinas. Desde os tempos de Dandara até os dias de hoje, as mulheres negras da América Latina e da região do Caribe lutam contra a discriminação e pela equidade racial e de gênero em diversos campos —inclusive o de batalha.

Para dar mais visibilidade a essa questão, 300 mulheres negras de 32 países da América Latina e da região do Caribe se reuniram na República Dominicana em 1992 e definiram o dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e da Diáspora, reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) no mesmo ano.

A data foi escolhida em homenagem à brasileira Tereza de Benguela, líder do Quilombo de Quariterê, no século 18. Como Dandara, ela é uma das mulheres negras que se destacaram por sua luta contra o racismo e o machismo ao longo dos séculos. Descubra, a seguir, um pouco de sua história e conheça outras quatro importantes ativistas latino-americanas.

Tereza de Benguela – Brasil

Tereza viveu no Vale do Guaporé, que fica na fronteira entre o Mato Grosso e a Bolívia, no século 18. Quando seu companheiro, José Piolho, foi assassinado por bandeirantes, ela assumiu a liderança do Quilombo de Quariterê, onde viviam 100 pessoas, e se tornou a “Rainha Negra do Pantanal”.

Segundo historiadores, sua habilidade política foi essencial para que o quilombo resistisse por 20 anos, plantando algodão, milho, feijão, mandioca e banana e tomando as decisões de forma coletiva, em um sistema parlamentar. O quilombo foi destruído em 1770 pelo governador da capitania, e Tereza se tornou símbolo de resistência na comunidade negra brasileira.

María Remedios del Valle – Argentina

Foi uma das raras mulheres que lutaram nas guerras pela independência da Argentina a partir de 1810. Ela seguiu na linha de frente, ajudando a alimentar e a cuidar de soldados mesmo depois de ter perdido o marido e os filhos na batalha de Huaqui. Por sua bravura e valentia, foi nomeada capitã —e como tal foi baleada, capturada pelo inimigo e quase morreu fuzilada, mas escapou da prisão para ajudar os combatentes de sua tropa.

Mesmo com todo esse histórico, ao voltar a Buenos Aires, a “mãe da pátria argentina” teve dificuldades em receber seu soldo e manter a patente de capitã. Após a Independência, ela não recebeu assistência do governo. Seu reconhecimento só veio após sua morte, que virou o Dia dos Afro-argentinos (8/11).

María Elena Moyano – Peru

Conhecida como “Mãe Coragem”, sua trajetória como ativista contra a pobreza e pelos direitos das mulheres começa em 1983, quando fundou um grupo de mães para lutar contra injustiças sociais. Depois disso, ela liderou o movimento feminista popular de mulheres de Villa El Salvador e foi eleita vice-prefeita do distrito em 1989.

Esse movimento, a Fepomuves, capacitava mulheres e criou um programa para dar às crianças da região um copo de leite por dia. Quando os guerrilheiros do Sendero Luminoso bombardearam um centro de distribuição da Fepomuves em 1991, María Elena intensificou suas críticas ao movimento. A partir daí, ela passou a receber ameaças de morte, até que foi assassinada pelo Sendero Luminoso em 1992. Mais de 300 mil pessoas foram a seu funeral, considerado um marco para que o grupo perdesse o apoio popular.

Sanité Bélair – Haiti

Nascida Suzanne Bélair, é uma das heroínas da Revolução Haitiana (1791-1804), na qual negros que haviam sido escravizados conquistaram a independência em relação à França e acabaram com o regime de escravidão. Sanité (apelido dado pelos amigos) foi sargenta e tenente das tropas de Toussaint Louverture, um dos maiores líderes dessa revolução.

Ela e o marido, o general Charles Bélair, encabeçaram revoltas entre as populações escravizadas. Em um ataque surpresa, Sanité foi capturada pelas tropas francesas, e Charles se rendeu para não se separar dela. Ela se recusou a ser decapitada (a pena por ser mulher) e exigiu ser fuzilada como os demais —ambos foram mortos dessa forma em 5 de outubro de 1802. Hoje, Sanité é a única mulher ilustrada nas cédulas da moeda haitiana na série comemorativa “Bicentenário do Haiti”.

Argelia Laya – Venezuela

Professora, ativista, guerrilheira e política, é considerada uma das feministas mais importantes da história do país. Nos anos 1950, como líder do sindicato de professores, lutou pelos direitos das mulheres e contra toda forma de discriminação. Aos 21 anos, engravidou ao sofrer um estupro e só pôde continuar trabalhando após escrever uma carta de protesto ao ministro da educação (na época, mães solteiras não podiam dar aulas).

Depois disso, Argelia orientou seu ativismo para a defesa dos direitos reprodutivos das mulheres e se tornou a primeira venezuelana a falar sobre temas como descriminalização do aborto e igualdade de gênero nas escolas, nas empresas e na política. Em 1971, foi co-fundadora do partido Movimento pelo Socialismo (MAS), pelo qual se elegeu parlamentar e, duas décadas depois, tornou-se a primeira mulher e primeira negra a liderar um grande partido político na Venezuela.

Fonte: https://news.ifood.com.br/5-mulheres-negras-latino-americanas-que-fizeram-historia/

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