Hábito ajuda na transmissão de fundamentos sobre Educação Financeira, mas é preciso tomar alguns cuidados para que a prática surta efeito positivo.

Mesada é coisa séria. Dar uma quantia periodicamente aos filhos é uma excelente forma de ensinar a eles fundamentos básicos de educação financeira e o valor do dinheiro. Entretanto, é preciso tirar o melhor proveito desse hábito, ou seu resultado pode ser reverso.

Mais do que a responsabilidade sobre o próprio dinheiro e a administração do mesmo, as crianças também devem aprender a poupar com o objetivo de realizar sonhos e de entender que, quando não se tem dinheiro disponível, é preciso esperar e juntar para conseguir o que se quer.

É importante que os filhos percebam que existe uma relação de troca entre o dinheiro e aquilo que desejam. Ao determinar uma mesada, é importante incentivar a criança a guardar de 10% a 20% do valor para a compra de algo mais caro que seja do seu interesse, como uma bicicleta ou um celular. O responsável pode se comprometer a completar o preço do produto, caso seja muito elevado, até como uma forma de compensar o esforço dela em alcançar o objetivo.

Os pais devem assumir a mesada como uma importante responsabilidade. O valor e a data estabelecidos para o pagamento devem ser respeitados, pois isso educa a criança a ter disciplina. Não é indicado o uso desse recurso como chantagem ou elemento punitivo, ameaçando sua suspensão caso o filho seja desobediente. Entretanto, se a conta do celular vier acima do limite, os pais podem retirar a diferença da mesada, por exemplo.

Também não é bom que as obrigações da criança sejam associadas à mesada. Condicionar o pagamento a boas notas na escola ou à execução de tarefas domésticas pode levar os filhos a entender que só precisam estudar e ajudar em casa por causa do dinheiro, o que pode gerar um comportamento interesseiro.

Alguns especialistas acreditam que a partir dos três anos já é possível iniciar um repasse financeiro para os pequenos. Outros afirmam que somente a partir dos seis é que esse tipo de iniciativa realmente pode surtir algum efeito.

Há uma unanimidade, porém, em relação à periodicidade do pagamento. Até os 10 anos, o ideal é que seja uma semanada, pois nessa fase elas ainda não têm muita noção de tempo a médio e longo prazo. O ciclo semanal, porém, é facilmente percebido por elas nas mudanças da rotina em casa. O incentivo à poupança também pode começar nessa faixa etária. A partir dos 10, 11 anos a mesada já pode se tornar mensal.

Independente da idade, o momento em que o responsável decide fazer uso desse meio para dar mais independência aos filhos deve vir acompanhado de muita conversa e planejamento. O valor estabelecido depende de variáveis como a idade, a condição financeira da família, número de filhos e até o custo de vida da cidade.

Um bom termômetro é o valor recebido pelos amigos da criança, do qual se pode fazer uma média para estabelecer uma importância razoável. O ideal é que não seja nem a maior, nem a menor mesada do grupo. E, se for preciso arredondar, que seja pra menos. Em caso de ajustes, é mais fácil elevar o valor do que diminuí-lo.

Vale lembrar que o dinheiro da mesada não deve estar associado à merenda escolar ou qualquer outro lanche que a criança precise fazer fora de casa, para evitar que ela deixe de comer para guardar dinheiro. O ideal é que ele seja direcionado a “supérfluos”, como brinquedos, roupas de marca, entradas de cinema, etc. É preciso ajustá-lo com o passar do tempo, acompanhando o crescimento do jovem até que ele conquiste mais independência.

Quanto antes se aprende a lidar com o dinheiro, mais fácil é controlar as finanças no futuro. Uma mesada permite que os filhos vivam um pouco das frustrações, dos sonhos, do autocontrole e das conquistas que fazem parte desse universo.

Fonte:
Zero Hora
UOL Economia

 

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