Pacto Global da ONU – Rede Brasil convoca empresas em pesquisa para avanço da diversidade e inclusão

07/05/2024

Lançamento será realizado durante o Fórum de Pessoas Afrodescendentes, em Genebra, que busca aderência das empresas pela equidade racial

Camila Valverde, COO do Pacto Global no Brasil: “Antes de incluir mais pessoas negras nas lideranças, a gente precisa trabalhar o racismo estrutural”

Por Letícia Ozório – Repórter de ESG

O Pacto Global da ONU – Rede Brasil e o Centro de Estudos nas Relações de Trabalho (CEERT) se unem para mapear as ações de diversidade e inclusão nas empresas. O objetivo é acompanhar as estratégias para garantir a equidade entre a liderança e os demais funcionários, assim como diminuir as desigualdades nos salários e nas condições de trabalho.

A pesquisa levará em conta as ações das companhias para contratações, promoções e permanência de pessoas pertencentes a grupos de diversidade como raça, gênero, pessoas com deficiência, entre outros. A partir da coleta de dados, o CEERT fará a análise e identificará as lacunas na busca pela equidade nas corporações. As empresas podem participar da pesquisa até 20 de maio, com inscrições neste link. diminuir as desigualdades nos salários e nas condições de trabalho.

Para Camila Valverde, diretora de operações do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, acompanhar as ações ajuda no resultado do negócio. “Nas organizações, garantir a diversidade é garantir mais produtividade, inovação e resultados. No contexto macro, ela também contribui para o desenvolvimento do país”, conta.

O anúncio será feito durante o 3º Fórum Permanente de Pessoas Afrodescendentes, que acontece entre 16 e 19 de abril em Genebra, na Suíça. O evento busca mobiliar o setor privado para agir na garantia de direitos e equidade para a população negra. O tema deste ano é “Racismo Sistêmico, a Justiça Reparadora e o Desenvolvimento Sustentável”.

Para Camila, o evento parte da inclusão de pessoas negras na economia. “A gente está falando de empoderamento econômico e de empregabilidade de uma população que, hoje, é a maior parcela entre os mais pobres do Brasil. Se a gente quer desenvolvimento socioeconômico, com certeza o foco são profissionais negros, especialmente as mulheres”.

Com a pesquisa, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil busca captar um retrato da diversidade e desafios que ainda vivem os grupos minoritários dentro das organizações, além de fortalecer a agenda do combate ao racismo no setor privado. “Esse retrato vai nos permitir traçar a jornada das empresas e garantir que o cenário avance a ascensão e liderança de pessoas negras”, conta.

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

Valverde explica que reduzir desigualdades está entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “Antes de incluir mais pessoas negras nas lideranças, a gente precisa trabalhar o racismo estrutural que permeia as organizações”.

A busca pela equidade racial no trabalho, e, em especial, nos cargos de gestão, já é trabalhada pelo Pacto Global desde novembro de 2022, quando foi lançado o Movimento Raça é Prioridade. A partir dele, as empresas podem assinar o compromisso público de atingir 50% de diversidade étnico-racial nos seus cargos de liderança até 2030.

De acordo com dados do CEERT, pessoas negras ainda são menos de 5% dos líderes nas 500 maiores empresas do país hoje. Os salários — pequenos na comparação com profissionais brancos de mesma formação — e as dificuldades para se realocar no mercado de trabalho também são características do racismo no ambiente corporativo.

Além dos debates com empresas e instituições, o Fórum contará com a exposição “Atlântico Vermelho”, realizada pelos institutos Luiz Gama e Guimarães Rosa e pela ONG Paramar, que destaca 60 obras de 22 artistas afro-brasileiros. O objetivo é debater temáticas de direitos humanos e diversidade racial a partir da arte e cultura.

Fonte: https://exame.com/esg/

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